terça-feira, 18 de maio de 2010

São Bento do Sapucaí: Geografia e História


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Geografia

São Bento do Sapucaí abriga um dos pontos mais altos do estado de São Paulo, o complexo do Baú, que é formado por três montanhas de pedra: Bauzinho, Pedra do Baú e Ana Chata. O local é visitado por muitos turistas durante todo o ano.

Localização estadual: Leste do Estado de São Paulo nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, compondo o Alto do Sapucaí

Área: 279 km²

Altitude: Média – 920m (cidade) Pico – 2050m (Pedra do Baú)

Coordenadas geográficas: Latitude 22º 41 – Sul, Longitude 45º 44 – Oeste

Clima: Temperado.

Hidrografia: Pertence à Bacia Hidrográfica da Serra da Mantiqueira e seus principais afluentes são: o Rio Sapucaí Mirim, Ribeirão do Paiol Grande, Ribeirão do Baú e Córrego do Serrano.

Temperatura: Mínima de -2º, máxima de 33º Celsius.

Tipologia: Estância climática.

Topografia: Acidentada.

Relevo: Montanhoso.

Limites: Estado de São Paulo: Campos do Jordão à leste, Santo Antônio do Pinhal ao sul; Estado de Minas Gerais: Sapucaí Mirim ao sul, Paraisópolis ao norte, Gonçalves a oeste, Brasópolis e Piranguçu a noroeste.

População: 10.355 habitantes
Urbana: 4.627 - Rural: 5.728

Número de eleitores: 7.940 (2004)

Possui uma área de 251,27 km². A densidade demográfica é de 44,60 hab/km². São Bento do Sapucaí abriga um dos pontos mais altos do estado de São Paulo, o complexo do Baú, que é formado por três montanhas de pedra: Bauzinho, Pedra do Baú e Ana Chata. O local é visitado por muitos turistas durante todo o ano.


História

As origens históricas da Estância Climática de São Bento do Sapucaí remontam ao bandeirismo e a mineração. Como se sabe, a descoberta de ouro nas "Gerais" ao final do século XVII serviu como um bálsamo aos frustrantes dois séculos iniciais da colonização portuguesa no Brasil. Na corrida pelo ouro, partindo de Taubaté e São Paulo de Piratininga, abriu-se diversos caminhos transpondo a Serra da Mantiqueira por seus desfiladeiros (Buquira, Piracaia, Embahu e Piracuama) rumo à região das minas (Minas Gerais). Acreditava-se que a região de Itagiba (atual Itajubá) escondia grandes minas de ouro.
Sabendo disso, partem aventureiros de Taubaté e Pindamonhangaba rumo aos altos azuis da Mantiqueira, seguindo pelo desfiladeiro do Piracuama e alcançam o "alto da serra", de onde vislumbram gigantescos bosques, florestas densas e escuras, lombadas côncavas e imensos declives acidentados, chegando, no início do século XVIII, ao planalto onde se encontra esculpido o Vale do Sapucaí Mirim de onde prosseguiram ao seu destino (Itagiba). Entusiasmado com a beleza e singularidade dos ares das acidentadas terras do Alto do Sapucaí, o bandeirante Gaspar Vaz da Cunha procurou convidar paulistas do Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Vale do Sapucaí e mineiros do sul das Gerais intuindo a colonização do vale situado ao alto da serra. Convite que não foi aceito pelos das minas, fascinados pelo ouro. 
Ficou na dependência dos aventureiros valeparaibanos o lento povoamento da região. A população sambentista originou-se de famílias tradicionais de Pindamonhangaba e Taubaté que se instalaram na região com suas fazendas de criação de gado. Transpuseram a Serra da Mantiqueira com seus familiares e escravos e se fixaram no Vale do Sapucaí, onde desenvolveram uma agricultura de subsistência. Em 1724, ao início da colonização, formava-se uma vasta fazenda de criação de gado vacum, que servia também como ponto de comunicação entre as capitanias das Minas e São Paulo. Ao final do século XVIII, as terras frias e férteis do Vale do Sapucaí causaram inveja aos sesmeiros das minas de Itagiba, entre eles João da Costa Manso, que não media esforços para tomá-la. Nesta época o fazendeiro e fundador de São Bento, José Pereira Álvares lutou como paulista para defendê-la, ao lado de Inácio Caetano Vieira de Carvalho que se instalou, no alto da Serra da Mantiqueira, na Fazenda Bonsucesso. Essa briga iniciou uma luta aberta entre paulistas e mineiros que só terminou em 1823 quando morreram Vieira de Carvalho e Costa Manso. 
Os Vieira de Carvalho venderam a Fazenda Bonsucesso ao brigadeiro Jordão que mudou o nome da fazenda para Natal, mas ficou conhecida como os "Campos do Jordão". De fato, é de cunho paulista a posse das mesmas, considerando que mesmo os mineiros da região de Itagiba descendiam dos desbravadores oriundos do Vale do Paraíba. Encontram-se, assim, duas frentes de povoamento: a paulista que subia a Serra da Mantiqueira, vindo do Vale do Paraíba pelo Piracuama; e a mineira (paulista de origem, mas estabelecida em Minas ao tempo da mineração), vinda de Camanducaia e Pouso Alegre. São Bento do Sapucaí situa-se nas terras da mais antiga fazenda da região. 
Havia em um sítio doado por Salvador Joaquim Pereira e sua mulher uma capela construída para São Bento, padroeiro escolhido pelos colonos e escravos em razão de ser o local habitado à época por muitas serpentes venenosas. Este local era denominado Guarda Velha e situava-se à margem da estrada que hoje liga Campos do Jordão - Rodeio - São Bento do Sapucaí, próximo a Sant'Ana do Sapucaí Mirim, povoado mineiro. Por volta do ano de 1822, os agricultores residentes às margens do Rio Sapucaí Mirim, tencionaram erigir uma capela dedicada a Nossa Senhora Mãe dos homens, no local onde hoje se ergue a atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Por motivo de constantes rixas com os habitantes do município mineiro de Camanducaia eles foram obrigados a paralisar as obras de construção da capela. Pouco tempo depois, José Pereira Álvares e sua mulher, Dona Ignez Leite de Toledo, doaram ao São Bento uma grande extensão de terras, com o fim de nela erigir uma igreja sob a invocação deste milagroso santo. O povo, em procissão transladou então a imagem de São Bento da Capela da Guarda Velha do Sapucaí Mirim para o local onde hoje se ergue majestosa a Igreja Matriz de São Bento. Enquanto se edificava o templo, o vigário encomendado, Padre Manuel Alves Coelho, lavrou o primeiro assento de batismo em uma casa particular, no dia 3 de fevereiro de 1828. O povoado cresceu célebre sendo elevado à freguesia pelo Decreto de 16 de agosto de 1832, ficando esta a data de sua fundação, vila pela Lei n.º 23 de 16 de abril de 1858, à cidade pela Lei n.º 49 de 30 de março de 1876, substituindo-se, então, de São Bento do Sapucaí Mirim para São Bento do Sapucaí somente. Foi elevada a Estância Climática de São Bento do Sapucaí, pela Lei n.º 9.700, de 26 de janeiro de 1967. A parte judiciária pertenceu de 1832 a 1833, à Comarca da Capital de São Paulo; de 1833 a 1858, à Comarca de Taubaté; de 1858 à 1866, à Comarca de Guaratinguetá; de 1866 a 1877, novamente a Comarca de Taubaté; de 1877 a 1890, à Comarca de Pindamonhangaba, e finalmente a 10 de setembro de 1890, pelo Decreto n.º 64, de 30 de julho de 1890, foi instalada a nova comarca paulista de São Bento do Sapucaí, sendo seu primeiro Juiz de Direito, o Dr. Joaquim Albuquerque Lima. I
migração Além da formação de origem indígena e bandeirista, outros povos contribuíram para a formação da identidade de nosso povo. Os negros trazidos para a lavoura de café e fumo, depois portugueses e no final século XIX chegaram os primeiros imigrantes italianos. Os primeiros teria sido os da família Falchetta, por volta de 1880 e responsáveis pela propaganda das boas qualidades da terra, o que acabou por atrair, às voltas de 1889, outras inúmeras famílias, como os Puppio, os Chiaradia, os Caninéo, os Bevilacqua, os Metidieri, os Gargaglione, os Moliterno, os Catagnacci, os Fitipaldi, os Carmeluco (que introduziram o primeiro automóvel em São Bento), os Mantovani, os Olivetti, os Ricotta, os Rinaldi, os Priante, os Canjani, os Vitta, os Piazarolli, os Reale, etc. Estes imigrantes eram originários das regiões de San Severino Lucano e da Calábria, vieram para a lavoura, principalmente para a viti-vinicultura. As videiras espalhavam-se pelo município e o vinho era produzido artesanalmente como em suas regiões de origem, amassando-se as uvas com os pés. Adegas espalhadas pelos bairros abasteciam o comércio local e forneciam para o comércio das vizinhanças, inclusive para o Sul de Minas e Vale do Paraíba. Os italianos concentraram suas residências no Bumba que, por isso era conhecida como "colônia".

Por Danilo Machado e Rosane Alves de Souza

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